Escrito por Família Theia e Educadora Parental Aline Hessel

A alimentação das crianças é fonte de muita preocupação de mães e pais. Principalmente quando chega a fase da recusa alimentar. Essa fase é comum a quase todas as crianças em algum momento de seu desenvolvimento. Mas não precisa ser motivo de conflito.

Quando a criança se recusa a comer algo, isso pode ser justificado basicamente por dois motivos: não gostar propriamente do alimento ou estar exercitando seu desejo por autonomia. Interessante pensar nessa relação: alimentação e autonomia. Porém, considere que a criança até esse momento se viu passiva à vida, pois os outros escolhem suas roupas, locais onde vai, sua comida, etc. E com o passar do tempo, ela naturalmente deseja questionar essas imposições e testar o que ela pode ou não escolher, pois isso é reflexo de seu desenvolvimento cognitivo e esperado que aconteça. Cabe a nós pais e mães, incentivar esse amadurecimento dando cada vez mais autonomia à criança.

Porém, como diferenciar se a recusa é o desejo de autonomia ou paladar? Bem, caso seja um alimento que a criança tenha o hábito de comer e nunca tenha demonstrado não gostar, ou mesmo nunca tenha experimentado, possivelmente seja o processo de desenvolvimento da autonomia da criança entrando em ação. Os pais têm duas opções diante disso: bater de frente com a criança e mostrar quem “manda”, assumindo todo o estresse que envolve esse embate, ou compreender essa importante etapa do desenvolvimento infantil e tentar outras estratégias para lidar com a situação. Bater de frente ou obrigar a criança, além de não gerar a reflexão de seus atos, faz com que a criança associe a refeição com aquele estresse. Podendo inclusive, gerar futuros problemas alimentares.

Vamos ver algumas dicas que podem auxiliar nesse processo?

As crianças aprendem muito a partir do que observam. Seja o exemplo e se alimente de forma saudável.

Tenha sempre disponível frutas e verduras que a criança consiga pegar e comer sozinha: banana, maçã, uva, cenoura, etc. É papel dos pais ter opções de comida de verdade em casa. Se a criança deixa de comer comida para comer doces, eu pergunto: quem comprou os doces?

Envolva a criança desde a compra dos alimentos até o preparo das refeições. Ela vai se sentir estimulada a experimentar novos alimentos.

Respeite o apetite da criança e a ensine a reconhecer isso também. É importante que ela aprenda sobre quando se sente satisfeita.

Sempre ofereça verduras no prato! Caso a criança diga que não quer comer, permita que ela deixe no canto do prato e não coma. O estímulo visual, o cheiro, podem ir habituando a criança.

Não obrigue a criança a comer, mas também não dê muita importância para o fato dela não comer. Continue oferecendo em todas as refeições.

Não dê parabéns nem nenhum tipo de premiação. Ela deve aprender a comer para estar satisfeita, não para agradar os outros.

Ofereça opções para criança: quais dessas verduras você quer? Assim você permite ela escolher e exercitar a autonomia e garante seu objetivo de consumo de verdura.

Variedade nas preparações também ajuda. Beterraba pode aparecer no suco, abobrinha no bolo e assim por diante.

Frases do tipo “deixe a criança ser feliz” para deixá-la comer doce ou alimentos menos saudáveis devem ser repensadas. A criança pode ser muito feliz comendo uma fruta.

Em festas, aniversários, proporcione também opções saudáveis. Assim a criança não cresce associando festa e alegria com alimentos gordurosos e açucarados.

• É bom lembrar que doces, chocolates, pirulitos,etc. não precisam ser proibidos. Só é necessário ensinar as crianças a comer com responsabilidade e ter uma relação saudável com a comida.