Escrito por Família Theia e Sandra Quero (psicóloga e educadora parental)

Quando nasce uma criança, nasce também uma mãe. Muitas vezes, esse nascimento vem acompanhado do sentimento de CULPA. A nova mãe se questiona: será que vou ser uma boa mãe? Vou dar conta de todas a tarefas? Como conciliar a maternidade com o trabalho?

Em atendimento, é comum que as mães relatem as seguintes preocupações:

  • não estar presente o suficiente
  • não escutar meu filho
  • estar muito focada nas atividades da casa ou do trabalho
  • ser muito crítica
  • não ter tempo para ficar com os filhos
  • não visitar seus pais o suficiente

Saber equilibrar tempo e dedicação entre os filhos e o trabalho é um dos dilemas mais comuns entre as mulheres. E agora, estamos vivendo um desafio maior passando pela quarentena decorrente do COVID-19.

Quem podia imaginar que precisaríamos trabalhar de casa com filhos, sem creches e sem escolas, com toda a família no mesmo espaço sem poder sair de casa e sem quaisquer serviços de apoio para ajudar na rotina do lar? Ufa! Cansa só de pensar!

É fundamental entender que nenhuma mãe detém o poder e a sabedoria absoluta de proteger e criar perfeitamente um filho. Nesse momento você está fazendo o seu melhor, com os recursos que tem, para ser um centro de calma e conforto para os seus filhos.

Como lidar com a Culpa

A culpa é uma emoção e não uma realidade. Não é uma sentença! Ela surge quando não temos certeza se estamos fazendo o melhor. Não caia nessa armadilha. Não compare a realidade idealizada com a vida real. Esse é o momento de lidarmos com o REAL e nos adaptarmos a ele. Estamos lidando com as incertezas de uma pandemia, e estar de quarentena pode inflamar mais o sentimento de culpa por termos que estar mais presentes nas relações com os filhos e toda a família. Sentimentos antigos podem aflorar assim como auto cobranças excessivas.

É hora de fazer o melhor possível, aceitar o que temos e deixar para lá pensamentos como: eu poderia, eu gostaria, eu deveria fazer mais, eu deveria proteger mais.

É preciso que a mãe entenda que faz parte da maternidade falhar, se frustrar e ser imperfeita. A criança não precisa de uma mãe impecável, mas sim de uma mãe real, suficientemente boa, que cuida, acolhe e ama, mas também que se ama, se cuida, se coloca em primeiro lugar algumas vezes e tem prazer ao fazer isso.

É preciso que a profissional também entenda que está dando o melhor de si nas novas condições apresentadas. Que todo o trabalho será feito e entregue, mesmo que seja de uma forma diferente do usual.