Escrito por família Theia e Dr. Julio Caio Côrte Leal Filho
O bebê acabou de deixar o conforto do útero materno. Tudo é novo. Ele precisa se adaptar, imagine que, para ele, respirar oxigênio e sentir frio ou calor eram coisas inimagináveis até pouco tempo atrás. Nada é tão fácil ou simples para o bebê e nem para a mãe nesse momento.
Mas listamos os pensamentos e dúvidas mais comuns dessa fase e respondemos com nosso jeitinho Theia.
“Cada um fala uma coisa”. Sim, a avó, a madrinha, a tia, o tio, o amigo, todo mundo tem uma opinião. Normalmente todos só querem ajudar, mas as informações podem ser confusas e causar mais dúvida que resolver. O ideal é escolher uma única pessoa para escutar: o pediatra. Escolha um profissional em quem você confie e centralize suas dúvidas nele.
“Com o bebê da minha amiga foi diferente”. Evite comparar maternidades, bebês e desenvolvimentos. Cada bebê é único e você vai ter que aprender com ele quem ele é, do que ele gosta. Olhe para ele, toque-o, ouça-o e converse com ele.
“Ele chora”. Bom, é assim que ele se comunica nessa fase. Tudo que ele precisa ele pede para você e por enquanto o único jeito dele fazer isso é chorando. Aos poucos você vai conseguir identificar os diferentes tipos de choro: o de fome, o de dor, o de sono, etc. É importante tentar interpretar o choro e não oferecer leite direto, todas as vezes. Tenha calma, paciência e respeite seu tempo para descobrir essas nuances.
“Eu não tenho leite”. O bebê sugar o peito é o melhor estímulo para a chamada apojadura, a descida do leite, e para a manutenção da produção do leite materno. Muitas mães, nas primeiras horas e até dias após o nascimento acham que não têm leite suficiente e acabam usando fórmula na alimentação. Evite fazer isso, porque esse é um dos principais motivos que acabam comprometendo o aleitamento: o bebê suga menos o seio e a mãe acaba produzindo menos leite. Se você tiver dúvidas quanto à amamentação, conversar com o pediatra ou com um(a) consultor(a) de amamentação pode ser uma boa ideia.
“Meu leite é fraco”. Não existe leite materno fraco. Mais uma vez para ficar bem claro: não existe leite materno fraco! Estamos entendidos? O leite de cada mãe é produzido da forma ideal para atender às necessidades de seu bebê. O leite materno e especialmente o colostro (aquele leite produzido nas primeiras horas após o nascimento do bebê) podem parecer meio ralos se a gente comparar com o leite de vaca, mas isso não tem a ver com a qualidade do leite. A mãe se alimentando bem e bebendo bastante água garante tudo que o bebê precisa.
“Meus seios ficarão flácidos”. Isso pode acontecer, sim. Mas está muito mais ligado à gravidez em si do que à amamentação. O melhor modo de prevenir isso é usando sutiãs de alças largas, hidratantes e controlando o ganho de peso durante a gravidez.
“Cerveja preta ou algum outro alimento aumenta o leite”. A única dica de alimentação com base científica para a produção de leite é a dieta balanceada e muito líquido.
“O bebê tem que mamar 20 minutos”. O ideal é que o bebê mame tempo suficiente para esvaziar a mama pois o leite do final da mamada é mais rico em gordura e manterá o bebê saciado além de provocar menos cólica e garantir um ganho de peso adequado. Mas não existe um tempo certo para isso, tem que respeitar o tempo de cada bebê.
“A posição do bebê pode atrapalhar a mamada”. O ideal é que mamãe e bebê estejam confortáveis e possam se mover com liberdade. Algumas dicas úteis para facilitar a pega: deixe o beber vir até o seio e não o contrário, ele não deve pegar só o mamilo, o ideal é que ele pegue também a auréola. Você pode aprender tudo sobre a pega aqui.
“O Papai pode ajudar?” Deve. Ele é parte dessa família e deve viver seus momentos intensamente. Pode ser um momento difícil e até de tristeza para as mães e toda a família (pais, companheiros, companheiras) é importante nessa hora. Esse incentivo, participação, paciência e apoio fazem toda a diferença.
“O bebê tem que mamar a cada 2 horas?” Para que a produção de leite funcione bem é preciso haver um intervalo mínimo de 2 horas entre uma mamada e outra. Se uma criança mama em intervalos menores é possível que ela esteja pegando uma mama com pouco leite. O bebê pode demorar um pouco para se acostumar a isso, mas também é importante que a mãe (e toda a família) aprenda a identificar o choro, pois se sempre que ele chorar ele for atendido com comida, ele pode associar o ato de se alimentar com a solução para tudo que ele sentir.
“Como lidar com o coto umbilical?” Ele nada mais é que o pedaço do cordão que ainda ficou no bebê, não tem terminações nervosas e por isso não dói na hora de limpar. Ele deve cair alguns dias depois do nascimento do bebê e até lá só é preciso limpar. Lave bem as mãos antes de começar. Você vai precisar de cotonete, algodão e álcool 70%. Para limpar, siga esses passos: eleve o coto umbilical suavemente e com um cotonete e limpe bem a base, onde o coto se insere na barriga. Retire qualquer secreção que lá esteja e enquanto o algodão sair escuro, repita a limpeza com novo algodão. Utilize uma gaze para secar caso o coto fique molhado em excesso. Importante: evite qualquer roupa que aperte ou impeça que essa região fique arejada, se ficar excessivamente avermelhada, com secreção ou sangramento intenso é importante consultar o pediatra.
“Como dar os primeiros banhos?” Esse é um ponto de angústia sempre no comecinho do bebê em casa. Algumas dicas de ouro: Se prepare para o banho, separe tudo que você precisar, prepare o local do banho, cheque a temperatura da água. Use sempre produtos infantis e evites coisas muito perfumadas. E nunca deixe o bebê sozinho na banheira. Para o guia completo do banho perfeito, veja aqui.
“Devo fazer alguma coisa sobre as moleiras?” Elas são um mecanismo natural para ajuda o crânio do bebê a passar pelo canal vaginal na hora do parto. E devem ir se fechando ao longo do primeiro ano de vida.
“Como lidar com o amarelão em recém nascidos?” Esse costuma ser o nome popular da icterícia e ela é bem comum e normal nos bebês. Eles ficam com uma coloração amarelada por que o fígado não consegue logo nos primeiros dias capturar toda a quantidade de uma substância chamada bilirrubina. Ela não é, na maioria das vezes, considerada uma doença e costuma passar normalmente lá pelo décimo dia do bebê. Banhos de sol são ótimos para ajudar nesse processo (sempre ao ar livre antes das 10h da manhã ou depois das 16h). Casos muito extremo podem precisar de tratamentos como fototerapia. O ideal é sempre consultar seu pediatra em caso de dúvidas.
“Como combater as assaduras?” Esse também é um assunto comum entre pais e mães. Ela do atrito da pele com a urina ou até sabão ou alguma outra substância que pode ficar entre a pele do bebê e a fralda. Às vezes até a temperatura e a estação do ano podem também ser causas de assaduras. Algumas dicas para evitar as assaduras: a criança que usa fralda deve ser trocada com bastante frequência nos primeiros meses de vida. Se foi xixi a fralda deve ser trocada e deve se lavar a criança somente com água morna. Se foi cocô lavar com água morna e com sabonete de glicerina ou sabonete especial para criança. É importante também enxugar a pele da criança delicadamente com uma toalha sem esfregar, para não provocar atrito. Creminhos e pomadas também estão valendo. Ah, e cuidado com os lenços umedecidos porque a pele de alguns bebês não reage bem a eles.
“Como o bebê deve dormir?” Esse ponto é muito importante e aqui precisamos falar sobre uma coisa complicada e muito difícil: A Síndrome da Morte Súbita do Lactante. É uma síndrome que os médicos ainda não conseguem explicar 100%, mas eles já sabem que a posição do bebê no berço pode ajudar a diminuir muito as chances de ela acontecer. Para isso o melhor que ele durma de barriga para cima, a chamada supina. É importante evitar brinquedos no berço e os braços devem ficar para fora do cobertor. E alguns estudos relacionam essa síndrome ao tabagismo tanto na gravidez quando em casa nos primeiros dias do bebê, então é bom tomar muito cuidado com isso também.