Escrito por Família Theia e Sandra Quero (psicóloga e educadora parental)

Todos estamos ansiosos com o que ouvimos sobre coronavírus. Mas você já parou para pensar como as crianças estão se sentindo nesse momento? É difícil para elas ouvirem nossas conversas, nossas corridas ao supermercado, mudanças na nossa forma de trabalho, deixarem de ir à escola, e não entenderem muito bem o que está acontecendo.

Nesse momento é importante manter uma conversa aberta e honesta com as crianças para que entendam o que está acontecendo e para que lidem melhor com isso. Elas podem, inclusive, se tornarem agentes ativos nesse processo. Sim, as crianças são capazes de nos ajudar com isso!

Separamos para você as dicas de como conversar com as crianças formuladas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). As dicas são válidas para todas as idades, mas os pais devem adaptar a linguagem e forma de comunicação.

  1. Faça perguntas abertamente e ouça a criança. Pergunte abertamente às crianças se elas sabem sobre o coronavírus (COVID-19). Se elas falarem que sim, siga a conversa deixando que falem o que já sabem sobre o assunto. Folhas em branco, lápis e canetinhas são ótimos aliados para fazer anotações e esquemas para facilitar a conversa. Garanta que o ambiente seja seguro, isso significa que vocês não sejam interrompidos. Caso a criança seja pequena ou não saiba nada sobre o que está acontecendo, use o momento para reforçar a importância dos hábitos de higiene, sem introduzir novos medos. Você pode passar essas informações de forma divertida, como uma nova “dança das mãos”.
  2. Corrija informações erradas e encoraje seu filho a compartilhar mais com você no futuro
  3. Não minimize ou se esquive das preocupações da criança. Neste momento simplesmente acolha, seja empático e valide os sentimentos da criança. Ajude-a a nomear seus sentimentos, como por exemplo: “Parece que/Estou vendo que você está assustado/preocupado/confuso”.
  4. Seja honesto: explique a verdade de uma forma que a criança entenda. As crianças têm o direito a receber informações verdadeiras sobre o que está acontecendo. Utilize informações descritivas, de forma neutra, e na linguagem que ela consiga entender. Por outro lado, tente protegê-la. Fique atento aos níveis de ansiedade dela. Caso ela pergunte algo que você não saiba responder, não invente. Pesquisem em conjunto em sites confiáveis, como do governo federal, UNICEF e OMS.
  5. Mostre à criança como ela pode proteger a ela mesma e a se seus amigos. A melhor forma de manter as crianças protegidas é incentivando a lavagem das mãos com regularidade. Faça isso de forma divertida: vídeos da Galinha Pintadinha e Palavra Cantada podem ajudar nesse momento.
  6. Ofereça segurança e tranquilidade. Cuidado com o excesso de imagens perturbadoras na TV ou em sites. As crianças podem não distinguir entre imagens da tela e a realidade. Ajude as crianças a lidarem com esse momento criando oportunidades de brincadeiras saudáveis, atividades corporais como yoga, até campeonato de quem anda mais devagar está valendo. Mantenha um ritmo de atividades regulares com os pequenos: alimentação, higiene, estudo e brincadeiras. Informe as crianças que a maioria das pessoas que tem o coronavírus não fica doente e que muitos adultos estão trabalhando para o bem de todos. Use um pouco de empatia nesse momento. Tranquilize seu filho dizendo que você sabe que é difícil, talvez assustador ou até um tédio, mas que seguir as regras combinadas ajudará a manter todos em segurança.
  7. Procure quem pode ajudar. É importante que as crianças saibam que as pessoas estão se ajudando. Isso transmite segurança para elas e as fazem acreditar que o mundo é bom. Compartilhe histórias de profissionais da saúde, cientistas e vizinhos que estão se ajudando. É um conforto saber que há compaixão por perto!
  8. Cuide de você. As crianças tendem a assimilar o que está no ambiente. Assim ao se cuidar, você também cuida das crianças. Se você está ansioso ou chateado, reserve um tempinho para si, ligue para um amigo, procure fazer algo que te ajude a relaxar e a se recuperar.
  9. Encerre a conversa com cuidado. É importante saber como a criança se sente depois da conversa. Observe se seu tom de voz,  respiração, expressões e movimentos com as mãos são naturais. Fale que ela pode procurar você a qualquer momento, e que você estará disponível para ouvi-la. Crie uma palavra ou frase juntos para demonstrar a importância da comunicação. Assim você sabe que precisa parar e ouvir.

Da mesma forma em que há novidades todos os dias sobre a pandemia, a criança também terá novos anseios e dúvidas sobre o que estamos vivendo. Reserve um tempinho na rotina para saber como foi o seu dia e como ela está se sentindo. Isso a ajudará em se sentir mais segura e pertencendo :)

Fonte: Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Disponível em: https://nacoesunidas.org/como-falar-com-suas-criancas-sobre-o-novo-coronavirus/. Acesso em: 23 de mar. 2020.