Escrito por Família Theia e Aline Hessel (psicóloga e educadora parental)
Falar sobre sexualidade com as crianças já é algo que deixa muitos pais e mães desconcertados... Quando falamos de homossexualidade então! Muitos não sabem o que fazer. Seja por preconceito, seja por crenças e valores, seja por medo de estimular, traumatizar ou por não ter tido a oportunidade de aprender a lidar com mais naturalidade com o assunto. Independente do motivo, pode-se dizer que muitas dúvidas rodeiam esse tema na educação dos filhos.
Há muito tempo é comum o convívio com casais homoafetivos pela sociedade, porém desde maio de 2011 a união estável entre pessoas do mesmo sexo foi declarada legal pelo Supremo Tribunal Federal. Mesmo com a questão legal favorecendo, ainda existe muito preconceito, tabus e medos sobre esse assunto.
Porém, ao se falar de infância sabemos que a oportunidade de questionar, investigar, perguntar, não é perdida pela criança e considerando que a cada dia é mais comum o convívio com casais homoafetivos (seja na rua, na família, na escola, televisão, internet ou em qualquer outro lugar) não adianta querer fugir desse assunto, uma vez que a qualquer momento a criança irá entrar em contato com ele.
Sendo assim, é importante falar sobre o assunto com as crianças, porém com alguns cuidados:
1. Respeite o tempo da criança
Não existe uma idade certa para abordar o assunto. Geralmente espera-se a criança trazer alguma pergunta e então explicamos sobre sua dúvida. Sempre respondendo de forma direta e clara aquilo que foi perguntado. Não é necessário antecipar informações, respeitando a inocência da infância, bem como o uso adequado de linguagem, coerente com a faixa etária.
2. Fale sempre a verdade e não fuja do assunto
As crianças poderão facilmente comprovar se o que foi falado pelos pais é verdade ou não, e ao mentir, criamos um outro problema: a criança perde a confiança nos pais e portanto, irão buscar outras fontes de informação. É na família que a criança possui sua maior fonte de transmissão de valores, crenças, e mais, é a família a principal responsável pela educação da criança. Então, a mesma deve assumir essa responsabilidade de transmitir com transparência e naturalidade informações sobre o tema.
3. Atenção com o preconceito
O ser humano não nasce preconceituoso ou com ódio dos outros. Isso é um comportamento aprendido seja observando as pessoas em volta, seja através de orientação. Sendo assim, é importante, ao abordar esse assunto, não focar nas diferenças em si, mas nas semelhanças. Por exemplo: “São duas pessoas que se amam” ou “Eles decidiram viver juntos”. Essa é a forma de educar para a tolerância, respeito às diferenças e contra o preconceito.
É importante que os adultos responsáveis fiquem atentos para não projetarem os preconceitos sociais e pessoais em sua resposta. A propagação de preconceitos prejudica a todos, inclusive a criança que o reproduz, e pode gerar bullying dentro das escolas, agressões físicas ou verbais e traumas para uma vida.
Nas escolas
O papel da escola é ensinar que as pessoas podem ser diferentes entre si em muitos aspectos e que isso é natural no ser humano e devemos respeitar. Não é difícil a instituição esbarrar em famílias de alunos que são preconceituosas. A escola deve ser firme quanto ao papel de tentar reverter esta tendência. Ações educativas nas escolas, palestras para os pais, e se necessário reunião com os responsáveis. Assim, é possível mostrar as consequências negativas que o preconceito pode ter sobre a vida de seu filho e de seus coleguinhas.
Os pais precisam saber que falar sobre o assunto (ou evitá-lo) não é o que vai determinar a orientação sexual de seu filho. Porém, é esse mesmo diálogo que pode gerar uma nação mais tolerante e respeitosa no futuro.