Escrito por Família Theia e Sandra Quero (psicóloga e educadora parental)

É comum ver o termo depressão usado para descrever a tristeza, mas esse é um sentimento presente e necessário a todos nós, pois sem ele não reconheceríamos o valor da alegria.

Já a depressão é um transtorno afetivo, um desarranjo cerebral funcional com base bioquímica, portanto, não é “frescura”, como muitas pessoas falam.

E as crianças também podem ser afetadas por este transtorno, ainda que isso seja pouco reconhecido.

A depressão infantil encontra-se cada vez mais frequente em crianças e adolescentes. A ocorrência dos sintomas em crianças têm se mostrado maior na faixa etária entre seis e onze anos de idade. Embora a prevalência real da depressão ainda seja desconhecida no Brasil, estima-se que a doença está se tornando um problema de saúde pública, pois dados de tentativas ou consumação de suicídios têm aumentado na adolescência e em idade cada vez mais precoce. Estudo realizado na cidade de Recife, por exemplo, demonstrou que as prevalências de sintomas depressivos expressivos e de ansiedade se igualaram a 59,9% e 19,9%, respectivamente, em adolescentes de 14 a 16 anos naquela capital.

É necessário compreender que a depressão infantil é um distúrbio de humor que vai além da tristeza normal e temporária, ela é uma perturbação orgânica, que envolve variáveis sociais, psicológicas e biológicas.

Fique atento:

A depressão em idade precoce pode ter continuidade na idade adulta.

Os principais sintomas são:

  • humor deprimido ou irritado na maior parte do dia;
  • falta de interesse nas atividades diárias;
  • alteração de sono e apetite;
  • falta de energia;
  • alteração na atividade motora;
  • sentimento de inutilidade;
  • dificuldade para se concentrar;
  • pensamentos ou tentativas de suicídio.

Já em crianças menores de 12 anos, sintomas inespecíficos podem ocorrer, como:

  • queixas somáticas: dor abdominal, cefaleia, náuseas, dores em membros inferiores;
  • choro fácil;
  • comportamento de roer unhas ou morder lápis;
  • mutismo seletivo abrupto;
  • maneirismos e tiques;
  • distúrbios do sono;
  • recusa em ir à escola;
  • dificuldades escolares;
  • comportamento opositor.

Caso perceba algum desses sintomas nos seus filhos ou em crianças ao seu redor, não deixe de procurar ajuda.