Escrito por Família Theia e Manuela Calumby (coach de carreira)

O nascimento de um filho é definitivamente um marco na vida dos pais e mães. Ao longo dos anos, como mãe de três e profissional, pude perceber que cada família reage e sente de um jeito a chegada dos filhos. Porém, é quase unanimidade os sentimentos de medo, ansiedade, insegurança e, até mesmo, culpa quando nascem nossos filhos. Após os primeiros dias (ou meses, em meu caso) de adaptação ao universo do bebê e da nossa nova rotina em casa, começamos a lidar de uma forma mais tranquila com o dia a dia. Assim como todo processo de adaptação, transição ou mudança, precisamos tomar consciência do que nos move e nos afeta e nos planejar para os imprevistos e próximos passos da vida.

Mas, quando menos esperávamos, lembramos que está chegando a hora de voltar a trabalhar. Sem dúvida, não temos como ignorar que a volta ao trabalho pode aflorar, em diferentes níveis de intensidade, os sentimentos de medo, insegurança, culpa e ansiedade. Mesmo sendo considerados sentimentos comuns nesse período de retomada, não é nada fácil administrar todas essas emoções juntas. E o que podemos fazer? Não vou dizer aqui o que é o certo ou errado, e sim levantar pontos que podem ajudar a lidar melhor com as suas reações diante da situação.

Algumas dicas para ajudar na volta ao trabalho:

• Comece a treinar esse processo de se ausentar. Procure fazer atividades de curta duração sem seu filho/ filha e longe de casa. Tente aumentar a duração de acordo com seu tempo. Avalie como você se saiu, como você se sentiu e se tem algo que ainda faria diferente após esses momentos. Assim, você poderá perceber melhor seus sentimentos e ajustar o que precisar. Aproveite para reconhecer seus pequenos ganhos e se desafiar para as próximas conquistas. Empodere-se! Quanto mais confiança e segurança você passar ao seu filho(a) mais fluido será todo processo de transição, por mais dolorido e difícil que possa parecer. Estabelecer uma rotina saudável de transição e uma dinâmica positiva de independência entre vocês vai fortalecer ainda mais a relação.
• Planeje-se! Identifique e defina com quem poderá deixar seu filho(a), com certa antecedência. Sem julgamentos, veja o que funciona na sua casa para escolher a melhor “logística”. Tem quem escolha deixar com os avós, com babás ou em creches/ berçários. Mas na verdade, a melhor escolha é aquela que te deixa feliz e com o coração tranquilo de que o seu bebê estará bem. Hoje também temos muitos recursos com a tecnologia para aproveitar e nos manter sempre por perto e a par do que está acontecendo com eles.
• Converse com pessoas que já passaram por esses momentos e tente trocar experiências e realizações que podem te ajudar a desmistificar ou minimizar os receios do retorno. Trocar ideias é reconfortante! Estabeleça as atividades que você gostaria de participar, como eventos ou encontros relacionados ao trabalho para, aos poucos, começar a frequentar. Ter contato novamente com a profissional que você é te ajudará a direcionar melhor suas energias para o próximo passo.
• Cultive bons hábitos e mantenha uma rotina saudável de alimentação, sono, atividades físicas, descanso e um tempo para si mesma, também podem ajudar a conquistar e/ou manter um bom equilíbrio entre a vida pessoal e profissional novamente.

Compartilhamos o medo do retorno ao trabalho após a maternidade e não temos como evitar alguns sentimentos conflitantes e difíceis. Porém, sem julgamentos, podemos experimentar, aceitar e aprender a lidar de uma forma leve, tranquila e equilibrada com o retorno ao trabalho e os próximos desafios das nossas vidas.

Mas, caso você ache que está com dificuldades de lidar com esses sentimentos, não consegue pensar em outras coisas, está perdendo o sono, o equilíbrio para lidar com o dia a dia, com as pessoas à sua volta, ou sentindo-se muito triste ou estressada só de pensar que terá que voltar a trabalhar, talvez seja o momento de levantar a bandeira e pedir ajuda. Existem profissionais preparados e prontos para facilitarem esse processo de transição junto com você.