Escrito por Família Theia e Aline Hessel (psicóloga e educadora parental)

O confinamento veio mesmo para nos tirar da zona de conforto, principalmente pais e mães. Um dos grandes desafios tem sido não apenas ensinar as crianças sobre atividades escolares, mas como também lidar com a frustração deles (e a nossa) diante de um erro ou um obstáculo. Lá estamos nós, adultos, maduros, experientes, mas nos sentindo tão despreparados como as próprias crianças perante as tarefas.

É importante, diante de tantas mudanças, todos terem ciência das próprias limitações. Ou seja, pais e mães não têm formação pedagógica para desempenhar um papel de professor, mas são os responsáveis pela criança e por muitos outros ensinamentos. Ao reconhecer os próprios desafios e desenvolver novas habilidades para superá-los, pais e mães já estarão ensinando muitas lições para seus filhos. Ao usar estratégias novas, paciência, resiliência, persistência, criatividade e tantas outras aptidões que podem ser ensinadas com as próprias atitudes, os pais e mães estarão utilizando a principal ferramenta pedagógica: o exemplo. Ainda assim, diante da frustração da criança perante uma tarefa, é importante acolher e demonstrar empatia pelos sentimentos dela.

Dicas do que fazer: criar espaço para o diálogo, estar disposto a ajudar a criança nas dúvidas e mostrar que o erro ou a dúvida fazem parte do aprendizado. Lembram sobre ensinar pelo exemplo? Aqui é uma boa oportunidade de mostrar que vocês também têm dúvidas em como ensiná-los, mas que estão se esforçando para fazer o melhor que podem, e que isso é o que importa no final. Assim, a criança além de estudar os conteúdos propostos, aprenderá que, para adquirirmos novas habilidades e conhecimentos, é necessário dedicação e esforço. E terá aprendido isso através do exemplo dos próprios pais.

Agora, a partir de uma perspectiva mais objetiva, podemos pensar em 5 passos importantes para termos em mente:

1. Entender que crianças e adolescentes não estão aptos para serem auto gestores do próprio tempo e menos ainda das divisões de responsabilidades, tarefas e aprendizado. Isso é feito pelos adultos, no caso a escola e no atual momento os próprios pais. Ou seja, tanto crianças quanto adolescentes precisarão de monitoramento das atividades escolares em casa. É importante as famílias não criarem altas expectativas quanto a produtividade nesse período.

2. Procurem a escola se perceberem que não está sendo possível seguir o material e as atividades propostas. Seja pelo excesso de atividades, pelo grau de dificuldade ou mesmo peculiaridades de cada caso, como um diagnóstico de autismo, déficit de atenção (TDAH) ou outros, ou mesmo pelo estado emocional diante do isolamento.  Os pais não precisam dar conta de tudo, comuniquem a escola.

3. A rotina e as tarefas da escola também funcionam como organizadora do tempo, mas isso deve ser adaptado ao funcionamento de cada família, ou seja, não se obriguem a cumprir 100% das demandas, mas sim realizar o possível.

4. As crianças não ficarão mais ou menos inteligentes nesse momento de confinamento se fizerem ou não todas as atividades propostas. A família deve fazer os devidos ajustes junto com a escola, tendo ciência que a mesma estará se preparando para retomar essas atividades e avaliar de forma individual e do grupo, o desenvolvimento adquirido nesse período.

5. O mais importante nesse período de escola em casa é a criança não perder o vínculo com os estudos, com a escola e com o professor. A criança ser estimulada a esse papel diariamente sem a obrigação de cumprir 100% das atividades, mas alimentando o interesse pelo saber.

Estamos nos reinventando nesse período e, portanto, devemos reconhecer tanto os esforços como as limitações de todos os lados (pais, escolas e crianças) e, a partir disso, diminuir as cobranças e expectativas para que possamos - de forma realista -cumprir as diferentes e novas demandas atuais.