Escrito por Família Theia e Aline Hessel (psicóloga e educadora parental)

Durante a adolescência, os jovens costumam passar por inúmeras descobertas, principalmente relacionadas a sexualidade: o primeiro amor, desejos, primeiro beijo, primeiras festas, etc. E costuma ser nesse momento que eles demonstram os primeiros questionamentos quanto à orientação sexual. É um período de muitas dúvidas e que a proximidade da família, principalmente dos pais, se faz muito necessária. Esse não deixa de ser um assunto delicado e que merece cuidado e atenção ao ser abordado com crianças e adolescentes.

Apesar da grande mudança social nas últimas décadas com relação à homossexualidade, infelizmente ainda muitos filhos não se sentem à vontade em falar com seus pais sobre sua sexualidade ou demoram em fazê-lo. Essa atitude é consequência muitas vezes do comportamento dos pais sobre esse assunto. Quando os filhos não se sentem seguros se serão aceitos ou não, ou percebem que seus pais são preconceituosos, isso pode intimidá-los e deixá-los desconfortáveis para abrir-se com eles.

Falar sobre esse assunto e disseminar informação é a principal ferramenta contra o preconceito. Ainda existem muitas dúvidas acerca desse assunto e como são feitas essas definições na construção do ser humano. Porém, já existem também algumas certezas. Uma delas é que ninguém escolhe ser homossexual, assim como ninguém escolhe ser heterossexual. Simplesmente a pessoa é assim. Outra certeza é que a homossexualidade não é uma doença, portanto não existe uma cura para isso.

Por outro lado, pode acontecer dos pais questionarem seus filhos sobre a orientação sexual quando os mesmos falam sobre isso, assim como os próprios filhos se questionaram durante seu próprio processo. É importante os filhos se atentarem caso criem expectativa de que os pais aceitem num curto espaço de tempo aquilo que eles próprios levaram anos para aceitar. Aceitar é um processo que pode ser difícil para todas as partes. É preciso paciência de ambos lados, sendo essencial o respeito as diferenças.

Então o que fazer ou como fazer?

1. Fale sobre sexualidade com as crianças, desde a primeira infância, sempre claro, respeitando o desenvolvimento e compreensão de cada faixa etária. Assim, teremos crianças esclarecidas e capazes de se conhecerem melhor, e principalmente com abertura para conversarem com seus pais e tirarem eventuais dúvidas. Para mais detalhes, sugerimos a leitura dos textos "Sexualidade na infância" e "Como explicar sobre homossexualidade para seu filho".

2. Não existe nada que você faça que possa estimular ou impedir a homossexualidade de seus filhos. Ou seja, um menino ser impedido de brincar de boneca ou forçado a jogar bola, não deixará de ser homossexual, caso seja essa a sua natureza. Bem como, falar sobre o assunto não irá estimular o interesse por pessoas do mesmo sexo. Mas, dependendo da reação dos pais, a criança poderá ser um adulto com muitos traumas e inseguranças por não se sentir confortável em ser ele mesmo com seus próprios pais.

3. Acolha e apoie seus filhos. Os pais devem entender que ser diferente de outras pessoas não é fácil e, portanto, se o filho tiver pais que o faça sentir confortável e seguro, tudo será mais tranquilo para ele.

4. Dizer que é uma fase não ajuda ninguém. Porque se for, pode ser uma fase para a vida toda. Negar não vai ajudar.

5. Confie na educação que você deu aos seus filhos. Ninguém é homossexual por influência dos amigos.

Alguns pais se preocupam com a possibilidade de seu filho “sofrer mais” por ser homossexual, e acabam sendo mais uma razão para sofrimento na vida dele. Quando o preconceito vem da própria família, principalmente dos pais, este tipo de sofrimento é muito pior. Gera mágoas profundas e feridas difíceis de cicatrizar.

Claro que na teoria a resposta parece mais simples, mas na prática será necessário um esforço consciente para incorporá-la. O fato é que ele continua a ser seu filho. Nada mudou neste quesito e não há nada que possa ser feito ou dito para que uma pessoa deixe de ser homossexual. E nem existe motivo para tal! A naturalidade e individualidade de cada um deve ser respeitada.

Segue como sugestão a primeira ONG brasileira fundada para acolher pais que desconfiam ter ou têm filhos homossexuais. Foi fundado com intuito de suprir a falta de um ambiente seguro e acolhedor onde pais e mães pudessem trocar informações e experiências sobre seus filhos e, se for o caso, solidarizarem-se durante o processo de aceitação, que pode ser difícil.

O GPH - Grupo de Pais de LGBTIs - L (Lésbicas), G (Gays), B (Bissexuais), T (Trans), I (Intersexo) que pode ser acessado no link http://www.gph.org.br/midiaNews_det13.asp.

Quer entender um pouco mais sobre orientação sexual e identidade de gênero? Leia o texto: Trans? Cis? LGBTQIA+? O que todos nós precisamos saber sobre identidade de gênero e orientação sexual?