Escrito por Família Theia e Michele Melão (consultora de sono)

Segundo estatísticas, cerca de 35% das crianças possuem alguma dificuldade quando o assunto é sono. Porém, mesmo as crianças que dormem bem, podem ter um comportamento de sono mais difícil durante algumas fases – as regressões de sono, saltos de desenvolvimento e picos de crescimento.

Os saltos de desenvolvimento

O bebê passa por um salto de desenvolvimento quando adquire uma nova habilidade, ou seja, passa a fazer algo que antes não fazia. Eles acontecem normalmente na mesma idade para todas as crianças (sempre considerando a data de nascimento corrigida no caso de prematuros), mas com intensidade diferente para cada um.

Durante o salto, além do impacto no sono que pode ser o aumento dos despertares noturnos, dificuldade para entrar no sono e luta para iniciar uma soneca, o bebê pode ter alterações de humor, alterações de apetite, irritabilidade, choro sem motivo e aumento da carência.

Os picos de crescimento

Chamamos de pico de crescimento quando o bebê aumenta em peso, altura e perímetro cefálico. Obviamente isso não acontece do dia para noite, mas existem alguns momentos em que a criança passa por um ganho de peso e altura mais acelerados.

Nestes períodos o bebê pode sentir mais fome e é comum que as mães que amamentam pensem que sua produção de leite diminuiu ou que o leite está fraco. Na verdade, a mudança acontece na demanda do bebê, não na oferta do leite e pode demorar alguns dias para a produção materna se ajustar a essa nova demanda. Porém, é perfeitamente possível continuar com a alimentação exclusiva por leite materno, se essa for a vontade da família.

Por esse motivo, os picos podem afetar o sono, já que a criança pode precisar mamar mais, inclusive durante a madrugada.

Quando acontecem:

Regressões de Sono

Geralmente afetam mais o sono do que os picos e saltos que o bebê passa durante os 2 primeiros anos de vida.

Elas acontecem mais ou menos na mesma fase e atingem praticamente todos os bebês, em maior ou menor grau.

Durante as regressões, as crianças podem adquirir um padrão de sono completamente diferente do que tinha e elas acontecem de repente, de um dia para o outro, mesmo sem nada diferente na rotina ou outra mudança que justifique essa alteração.

Quando acontecem:

4 meses

Geralmente dos 3 meses e meio até 4 meses e meio. O bebê que dormia por algumas horas seguidas passa a despertar de hora em hora ou, mais comumente, a cada 2 horas. Este despertar é sinal de desenvolvimento. Na verdade, é uma evolução, e não uma regressão. Entretanto, se a criança não consegue dormir sozinha, pode precisar de ajuda diversas vezes de madrugada.

8 meses

Pode ocorrer dos 7 aos 10 meses e é uma das mais difíceis de trabalhar, porque é uma fase de ansiedade de separação, geralmente dentição e um aprendizado motor muito importante (a criança aprende a rastejar, engatinhar e rola com facilidade). Para deixar o sono mais difícil ainda, é uma fase onde a maioria das crianças faz a transição de 3 para 2 cochilos por dia, então ainda é necessário fazer um ajuste de rotina.

12 meses

Ocorre dos 11 aos 14 meses, geralmente aliada ao aprendizado de andar. Atinge principalmente o sono diurno, já que normalmente as crianças ficam muito agitadas e com vontade de praticar esse aprendizado o tempo todo.

18 meses

É associada ao desenvolvimento da linguagem do bebê e também à transição de soneca (a maioria das crianças passa a fazer 1 soneca por dia).

Além dessa mudança no sono do dia, a criança pode ter mais despertares de madrugada.

24 meses

É a última regressão de sono do bebê e geralmente atinge também o cochilo. Muitas famílias confundem essa regressão com a retirada do sono do dia, mas geralmente isso não acontece. A criança passa um período sem fazer os cochilos e logo volta a ter esse hábito.

Além disso, como é uma fase onde muitas crianças desenvolvem medos, grande parte dos pequenos pede pela presença dos pais para adormecer e podem chamar de madrugada.

O mais importante durante as regressões é que os pais não criem hábitos de sono que a criança não precisava anteriormente. Pode ser um período difícil, seu filho pode precisar de mais ajuda para relaxar, mas não é necessário mudar a forma como vocês tratam o sono do seu filho. Em todas as regressões a criança pode ficar mais agitada e mais nervosa e geralmente o pico das regressões dura 2 semanas, mas algumas delas podem chegar a 6 semanas de duração.

Nesses momentos de transição que fatalmente ocorrerão na vida dos seus pequenos é possível que algumas alterações relacionadas ao sono possam aparacer. Paciência e perseverança em manter a rotina e os hábitos de sono são muito importantes para que essas fases sejam vividas da forma mais saudável possível.