Escrito por Família Theia e Ricardo Lemos (psicólogo)

A pré-adolescência é a fase mais crítica para se lidar com o divórcio. Isso ocorre, porque o pré-adolescente já entende o que está acontecendo, mas ainda não tem recursos emocionais para lidar com isso.

A separação dos pais implica em uma mudança brusca no cotidiano de todos, principalmente no dos filhos, que ficam perdidos com as novas regras e, muitas vezes, demoram para conseguirem lidar com a situação. É difícil até mesmo para os pais, principalmente se a separação não ocorrer de forma amigável.

É comum, durante esse processo, os adolescentes chegarem ao consultório de psicoterapia relatando que precisam falar com alguém. Eles falam de suas tristezas, culpas, raivas, solidão como se fossem adultos desamparados e angustiados. O trabalho do psicólogo clínico é, acima de tudo, acolher as angústias e dar limites.

Acolher a angústia significa olhar e ouvir com atenção os sofrimentos que o paciente traz. É importante reconhecer que esses sofrimentos são importantes para ele. Isso inclui ajudá-lo a nomear os sentimentos, como tristeza e raiva, dar um rumo a ele, ajudá-lo a viver com mais leveza e como pré-adolescente ou adolescente que é, pois não é seu papel resolver o conflito entre os pais. Dar limites significa dizer não, sempre que necessário, e ajudá-lo a lidar com sua agressividade, se for o caso.

A orientação para os pais é fazer o mesmo. Muda somente a forma de fazer. O psicólogo mantém o contato um pouco mais distante, em que pode ser oferecido um lenço quando o paciente chorar, por exemplo.  O contato entre psicólogo e paciente ocorre em um curto período semanal. O contato com os pais é mais constante e emocional, os pais podem se aproximar de seu filho de forma mais calorosa, abraçar, acolher sem ter a preocupação de entender os motivos psicológicos do que está acontecendo e buscar ter momentos de qualidade com os filhos.

Em relação aos limites, há muitas formas de fazer. O importante é que haja limites, pois o adolescente precisa de um direcionamento acerca de suas atitudes e do que pode ou não fazer. Os limites mostram para os filhos até onde podem ir, ajudam a entender aquilo que os frustra e o que os conforta. Os permite compreender que existe uma autoridade que cuida de sua segurança. Acolher e dar limites são o mesmo que cuidar e amar.