Escrito por Família Theia e Dra Danielle Domingues (ginecologista e obstetra)

Na maioria dos casos o trabalho de parto se inicia espontaneamente quando o corpo da gestante e o bebê já estão prontos isso. Porém, em algumas situações é necessário que o parto ocorra antes do trabalho de parto espontâneo e cabe ao médico, juntamente com a paciente, decidir o melhor momento e a melhor forma do parto acontecer.

Se a mulher tem vontade de ter parto normal e não tiver nenhuma contraindicação para isso, caso o trabalho de parto não ocorra espontaneamente, pode-se realizar a indução do parto, que consiste em estimular o organismo da mãe a iniciar esse processo. A idade gestacional adequada para este procedimento depende de cada caso e deve ser discutida com o médico que está realizando o pré-natal ou que vai realizar o parto.

Normalmente, em pacientes com gestação de baixo risco (sem nenhuma doença materna ou do bebê que cause risco para gestação) se espera até 41 semanas, lembrando que é preciso um acompanhamento e atenção especial após as 40 semanas de gestação. Já nos casos de alto risco, a idade gestacional para o parto varia, sendo mais comum o limite de 40 semanas, com algumas exceções.

Quando a idade gestacional limite é atingida, é importante que o médico avalie o bem-estar do bebê, a presença ou não de contrações e as condições do colo do útero para definir se pode ser realizada a indução do parto e qual a melhor forma de realizá-la. A avaliação do bebê é feita pelo exame clínico e pode ser complementada com cardiotocografia (exame que avalia os batimentos cardíacos do bebê e a presença ou não de contrações do útero) e/ou ultrassom. O colo do útero é avaliado através do toque vaginal e a partir de alguns parâmetros é possível dar uma nota (índice de Bishop). Quando esta é menor que seis, consideramos o colo como desfavorável e acima deste valor como favorável. Isso é importante para avaliar o melhor método para induzir o parto.

Quando o colo do útero está favorável, a principal forma de realizar a indução do parto é com ocitocina, uma substância liberada pelo organismo que causa contrações uterinas e que quando não é liberada naturalmente, pode ser administrada na sua forma sintética. Ela deve ser diluída em soro e sua dose aumentada aos poucos até atingir as contrações adequadas para a fase do trabalho de parto.

Já quando o colo do útero está desfavorável, podem-se utilizar métodos medicamentosos ou mecânicos. O primeiro é realizado com misoprostol ou dinoprostona, compostos por uma substância chamada prostaglandina, que age no colo do útero levando a seu amolecimento e sua dilatação e, consequentemente, estimulando as contrações uterinas. É importante lembrar que esses métodos são contraindicados para pacientes que tenham cicatriz anterior no útero (cesárea ou outra cirurgia, como, por exemplo, a retirada de mioma). O método mecânico consiste na passagem de uma sonda de Foley (cateter com um balão na ponta) ou um balão desenvolvido especificamente para este fim (cateter com dois balões que ficam acima e abaixo do colo do útero), que através de uma pressão suave no colo do útero levam à sua modificação.

Independentemente do método utilizado, é importante que seja realizado no hospital, para monitorar e garantir que mãe e bebê estejam bem antes e durante o processo de indução de trabalho de parto.