Escrito por Família Theia e Cristiane Griffin (consultora de amamentação)
1. Tenho mamoplastia redutora. Conseguirei amamentar?
As cirurgias mamárias podem interferir na amamentação. Nesses casos, a amamentação é possível, mas pode ser dificultada por alguns fatores associados ao procedimento cirúrgico. Depende da quantidade de tecido mamário removido, da presença de dano nos ductos que drenam o leite (assim como das conexões nervosas envolvidas na ejeção do leite), da remoção e transposição do complexo mamilo areolar durante a cirurgia e de alterações na sensibilidade no mamilo e aréola.
Mas, somente após o nascimento e início da amamentação é que se pode avaliar se haverá uma maior dificuldade devido ao antecedente de cirurgia. Quando se sabe desde o pré-natal que essa dificuldade pode existir, um profissional monitora as mamadas durante a estadia no maternidade para avaliar a pega correta do bebê e os sinais de produção e descida do leite.
O bebê também é avaliado pelo pediatra para monitorar se a quantidade de leite produzida está sendo o suficiente para o bebê. Para isso, o recém-nascido é avaliado diariamente por meio dos seguintes parâmetros: estado geral, tônus, atividade, hidratação, eliminações (diurese e evacuação) e perda de peso. Se houver indício de produção de leite insuficiente, pode ser necessária a complementação com fórmula. Essa pode ser apenas temporária, enquanto há adequação na produção de leite da mãe ou pode ser necessária durante toda a amamentação.
Após a alta da maternidade é importante o acompanhamento da criança pelo pediatra para garantir que está recebendo a quantidade necessária de leite materno para seu crescimento e desenvolvimento. O monitoramento da amamentação, principalmente nesses casos deve ser próximo, para garantir o bem-estar da mãe e do bebê.
2. Tenho prótese de silicone. Conseguirei amamentar?
A maioria das mulheres amamenta com sucesso porque a cirurgia de prótese mamária tem pouco impacto na estrutura da mama, especialmente se a prótese for inserida atrás do músculo peitoral.
Se a prótese é inserida antes do músculo peitoral e tem um tamanho excessivo pode pressionar o tecido mamário, diminuir o fluxo sanguíneo para as mamas e, consequentemente, reduzir a produção láctea.
Nos casos em que a cirurgia de prótese de mama foi indicada por hipoplasia mamaria importante (mamas com pouca quantidade de tecido glandular previamente à cirurgia) ou com formato anormal ou assimetria mamaria importante, pode haver quantidade insuficiente de tecido glandular o que pode dificultar a amamentação exclusiva.
Mas, só se sabe se há produção insuficiente de leite após o nascimento do bebê e início da amamentação, pois as mamas se desenvolvem no período da gestação e pós parto, adequando a produção de leite às necessidades do bebê na medida do possível.
3. Preciso limpar meus mamilos antes de amamentar?
Apenas o banho diário é o suficiente para a higiene.
Não é necessário limpar os seios antes ou após as mamadas. O excesso de limpeza remove a proteção natural da pele e pode predispor a traumas e fissuras.
Lembre-se que é importante a higiene rigorosa das mãos antes de colocar o bebê para mamar, evitando assim infeções nas mamas.
4. Preciso passar algum creme ou pomada nos seios após amamentar?
Não é recomendado a utilização de nenhum tipo de produto nas mamas ou mamilos de rotina. Porém alguns profissionais recomendam uso de lanolina pura após as mamadas.
Além disso, após a mamada, você pode realizar uma expressão nas mamas e aplicar o colostro/leite nos mamilos. O leite materno tem propriedades cicatrizantes e anti-infeciosas e auxiliam a manter a integridade da pele da aréola e do mamilo.
5. Preciso usar sutiã de amamentação durante a noite?
É necessária a utilização de um sutiã de amamentação confortável e no tamanho adequado que proporcione sustentação das mamas que estão com volume e peso aumentado decorrente da gestação e da lactação.
As alças devem ser largas e não devem deixar marcas nos ombros. A parte posterior do sutiã precisa estar bem posicionada e sem subir.
O sutiã deve permitir a abertura frontal e expor a mama adequadamente de forma a não atrapalhar a mamada.
O modelo não deve comprimir nenhuma área da mama para evitar bloqueio de dutos e causar pontos de ingurgitamento.
O sutiã pode ser usado durante o dia e a noite se a mulher se sentir mais confortável para dormir.
6. Como sei que já tenho leite?
Durante a gestação as mamas se desenvolvem com a ação dos hormônios, em especial do estrógeno e progesterona. Após o parto, com a saída da placenta, esses hormônios são reduzidos e após 48 a 72 horas ocorre a descida do leite.
O colostro é produzido no segundo trimestre da gestação e após o parto um pequeno volume de colostro já é disponibilizado para o bebê.
Entre o terceiro e quinto dia após o nascimento do bebê ocorre a apojadura (descida do leite). Nesse período inicial as mamas geralmente ficam mais pesadas, mais endurecidas, quentes e a mamãe pode sentir desconforto ou dor em graus variáveis.
A produção láctea é desencadeada e se mantem com a sucção da criança e com a remoção do leite das mamas (amamentação em livre demanda com o posicionamento e pega correta).
7. Preciso acordar meu bebê toda vez para mamar?
A amamentação deve ocorrer em esquema de livre demanda (nos horários e por tempo que o bebê desejar) garantindo 8 a 12 mamadas por dia (intervalo de 3 a 4 horas entre o início de cada mamada).
Em alguns casos é recomendado despertar o bebê para mamar: bebês prematuros, com baixo peso, bebês com risco para hipoglicemia ou se há um intervalo excessivamente longo desde a última mamada no período neonatal. O intervalo e espaçamento das mamadas deve sempre ser conversado com o pediatra que avaliará as necessidades do bebê ao longo das semanas de vida de acordo com os parâmetros clínicos como o ganho de peso e outros.
É importante que haja estímulo da produção de leite pela sucção e esvaziamento da mama por meio da amamentação.
Caso o bebê tenha dificuldade em acordar e manter a pega e a sucção efetiva, pode-se usar estratégias como trocar a fralda do bebê antes de colocá-lo no seio, deixá-lo com menos roupas (desde que o ambiente não esteja muito frio). Assim, ele ficará mais acordado para mamar.
8. E se o bebê sujar a fralda durante a mamada? O que devo fazer?
Termine a mamada tranquilamente. Após o bebê arrotar, realize a troca de fralda com cuidado para o bebê não regurgitar.
9. Não escuto meu bebê arrotar? É normal?
O barulho do arroto está relacionado com a quantidade de ar ingerida pelo bebê. Muitas vezes o bebê fez uma boa pega e não ingeriu ar durante a mamada, pois apresentou uma veda adequada, além disso alguns bebês liberam os gases de forma gradual e lenta e não conseguimos identificar o barulho do arroto. Nesses casos recomenda-se colocar o bebê em posição vertical contra o peito materno e a cabeça apoiada para auxiliar no arroto que muitas vezes não tem um som característico. Além disso, essa é uma posição que fornece aconchego para o bebê. Essa posição deve ser adotada por cerca de 20 a 30 minutos após a mamada.
10. Devo restringir algum alimento no caso de amamentar?
Não é necessária nenhuma restrição alimentar. É importante ter uma alimentação variada e equilibrada, considerando os hábitos culturais, preferências pessoais e capacidade de acesso ao alimento. O mais importante é alimentar-se regularmente e ingerir líquidos adequadamente.
O álcool deve ser evitado assim como a cafeína e o chocolate em excesso.
O obstetra deve ser consultado e suas orientações seguidas em casos específicos de alguma patologia com necessidade de restrição de alimentos.
11. Posso oferecer complementação se meu bebê chorar muito após mamar ou eu perceber que não tenho muito leite?
A fórmula artificial só deve ser oferecida por orientação do pediatra em casos específicos.
O leite materno é um alimento completo e ideal para seu bebê.
Vamos amamentar!!!