Escrito por Família Theia e Liliana Teixeira (ginecologista e obstetra)
O que é?
A pré-eclâmpsia é uma doença específica da gestação que pode aparecer a qualquer momento a partir das 20 semanas até no puerpério (período pós-parto). É uma condição que pode evoluir de forma muito grave com consequências importantes para mãe e bebê e por isso, é importante ter informações básicas sobre ela.
Mulheres com pré-eclâmpsia apresentam aumento da pressão arterial e edema (inchaço) como principais características. Em sua forma grave pode evoluir com alterações sanguíneas, no fígado e rins, entre outros, ou alterações no bebê em relação a distúrbios de crescimento, líquido amniótico e fluxo de sangue na placenta.
Quais os principais sintomas?
A doença pode se apresentar de forma quase assintomática no início e por isso as consultas de pré-natal com medida da pressão arterial são tão importantes para um seguimento saudável da gravidez. Muitas mulheres podem se queixar de inchaço especialmente em mãos e face (o inchaço nas pernas é comum a todas as gestantes, não consideramos sinal de pré-eclâmpsia) e notar aumento da pressão arterial após as 20 semanas de gestação, essa medida deve ser repetida e confirmada pelo médico para diagnóstico da doença. Além disso, a presença de proteínas na análise urinária é um fator importante a ser avaliado no diagnóstico.
Alguns sintomas são indicativos de doença mais grave e necessitam atenção redobrada e ida ao pronto atendimento para avaliação médica, são eles:
- Dor de cabeça;
- Alterações visuais: pontos brilhantes, “flashes”, vista turva;
- Dor abdominal especialmente na parte superior da barriga.
Quais os fatores de risco e como me prevenir?
Sabemos de alguns fatores de risco bem definidos para desenvolvimento de pré-eclâmpsia como, por exemplo: obesidade, diabetes, hipertensão ou doença renal pré-existentes, passado pessoal ou familiar de pré-eclâmpsia, gestações de gêmeos, idade materna acima de 35 anos, gestação proveniente de técnicas de reprodução assistida, dentre outros.
A prevenção ocorre naqueles fatores que podemos modificar, especialmente nas mulheres que planejam engravidar em um contexto de obesidade ou sobrepeso o ideal seria uma normalização do IMC antes da gestação. Manter hábitos de vida saudáveis e bom controle de doenças prévias como diabetes e hipertensão também são essenciais para evolução mais saudável da gestação.
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Em alguns casos a aspirina pode ser utilizada como prevenção, porém apenas o médico deve prescrever após avaliar detalhadamente o histórico de cada paciente. A ação principal relacionada a prevenção portanto será manter um acompanhamento pré-natal regular com um profissional habilitado para isso, alguém que possa realizar as medidas de pressão e identificar precocemente o aparecimento da doença.
Qual é o tratamento?
A pré-eclâmpsia é uma doença relacionada com a placenta e por isso só é tratada definitivamente após o parto e finalização do puerpério (42 dias após o parto). A data do parto é definida a depender da severidade do quadro da doença e se há consequências graves para mãe e bebê.
Porém, ao longo da gestação temos o objetivo de normalizar a pressão arterial para prolongar a data do parto e evitar complicações graves da doença, esse tratamento é realizado com medicações anti-hipertensivas específicas para uso na gravidez. Além disso, as consultas de pré-natal costumam ser mais frequentes uma vez que a paciente desenvolve a hipertensão para monitorização materna com ajuste de medicação, solicitação de exames laboratoriais para pesquisa de complicações e ultrassonografias seriadas para acompanhamento do bebê.
Em caso de quadros graves pode haver necessidade de internação para acompanhamento intensivo de sintomas, exames laboratoriais e bem estar fetal até a decisão de momento do parto.