Escrito por Família Theia e Ricardo Lemos (psicólogo)

Muitos pais estão preocupados com os efeitos da quarentena nos filhos e, ao mesmo tempo, tendo de enfrentar a dificuldade de lidar com home office e as atividades da casa. É difícil dizer se a quarentena está sendo mais difícil para os pais ou para os filhos...

As dificuldades para os pais são muitas: cuidar dos filhos desde questões de saúde até ajudá-los com as aulas online, além de cuidar da casa, trabalhar, etc... As inúmeras tarefas que se acumulam podem fazer com que se sintam sobrecarregados, estressados e levá-los à exaustão.

Para os filhos, a forma com que lidam com a quarentena depende de muitos fatores, como a idade. Uma criança pequena, na faixa de três a quatro anos, necessita de atividade física e de diferentes estímulos, por isso, o confinamento pode levar à irritabilidade, ao tédio e a crises de raiva. Já crianças maiores, na faixa de nove a dez anos, podem sentir prazer no relaxamento de estar em casa e no fato de não precisarem ir para a escola, podendo, em geral, ficar mais próximos dos pais, o que é reconfortante. Mas é preciso ficar atento às atividades deles, pois existe uma grande tendência de ficarem muito tempo diante das telas ao usarem a internet, jogando, assistindo vídeos etc, e deixarem de lado brincadeiras que exigem mais movimento, além de tenderem a desregular os horários e a rotina.

Como pais e filhos podem achar a harmonia nesse convívio tão intenso e muitas vezes sufocante?

Um primeiro ponto importante para os pais é aceitar as limitações deste momento: aceitar que os filhos podem estar um pouco desregulados com tantas mudanças na rotina, que o aproveitamento nos estudos deles dificilmente será o mesmo, que a casa tende a estar um pouco ou muito bagunçada por alguns períodos, que o trabalho dificilmente terá o mesmo aproveitamento... e que as emoções tendem a estar confusas também... Aceitando uma certa desordem momentânea e diminuindo a cobrança sobre si e sobre os outros, a situação pode ficar mais leve.

Para os filhos pequenos, as brincadeiras que exigem maior gasto de energia podem ajudar bastante, como esconde-esconde, pega-pega, bola etc; mesmo que num espaço pequeno e por pouco tempo. Para os maiores, reservar tempo para conversar, jogar jogos de tabuleiro, assistir filmes juntos etc, podem ajudar. Algumas atividades físicas também podem ser feitas com o auxílio da tecnologia, como dançar assistindo um programa de dança, entres outras.