Escrito por Família Theia e Aline Hessel (psicóloga e educadora parental)
A forma como o casal enfrenta o fim do casamento exige muitos cuidados quando se tem filhos, principalmente pequenos. Sabe-se que o divórcio em si não é o principal causador de danos, mas sim a atitude adotada pelos pais nesse processo. Esse é um dos fatores que pode influenciar a vida afetiva de seus filhos no futuro.
A decisão de divorciar-se é a aceitação de que o casamento não está mais trazendo o bem estar para si e para a família. Algumas pesquisas indicam que as crianças que residem com apenas um dos pais e são submetidas a um nível baixo de conflito se desenvolvem melhor que as crianças que residem com ambos os pais no mesmo ambiente, mas em uma atmosfera de intenso conflito.
Sendo assim, uma vez decidindo-se pela separação, compreende-se que ela não afeta apenas os pais, mas estende-se ao relacionamento entre pais e filhos. É importante ter ciência de que a postura do casal pode gerar alterações afetivas na vida dos filhos, de forma intensa e duradoura, sendo capaz de até mesmo comprometer seus relacionamentos futuros e demais condições emocionais. Ao contar para a criança sobre a decisão é fundamental os pais transmitirem segurança e confiança para os filhos, deixando claro que a separação é somente da relação dos adultos e não das crianças. Explicar que a separação será dos pais quanto casal, mas que nada irá mudar na relação e no amor dos pais com a criança. Mesmo morando em casas separadas, ambos serão presentes na vida dos filhos.
Outro ponto sensível nesse processo é a decisão sobre a guarda dos filhos, que deve ter como objetivo principal, tanto jurídico como do casal, assegurar o melhor interesse para o menor. Toda criança tem o direito ao convívio familiar e ao contato com ambos os pais. Quando existe uma violação desse direito por parte de um dos genitores, frustrando ao filho a expectativa de conviver com o outro genitor, considera-se um desrespeito aos direitos da criança podendo se configurar como um princípio de Alienação Parental.
A reação dos filhos vai depender muito de como os pais lidam com as mudanças na família e priorizam cuidar deles próprios e das crianças, sendo possível propiciar aos filhos uma melhor ou uma pior elaboração da separação. Diferentes estudos indicam que a existência de um bom diálogo entre os pais após o divórcio é um dos responsáveis pelo ajustamento psicológico dos filhos de pais divorciados.
Sendo assim, é fundamental que a experiência do divórcio seja vivida pelo casal que a enfrenta de forma equilibrada, com maturidade e respeito, para que sejam amenizadas as consequências emocionais que podem causar danos ao desenvolvimento emocional de seus filhos. Para tal, a terapia familiar pode facilitar o enfrentamento das dificuldades que normalmente aparecem para todos os envolvidos na situação do divórcio, reconhecendo e lidando com as frustrações, bem como sendo orientados sobre os desafios nesse processo. A terapia é uma das formas de soluções que pode minimizar o efeito que o divórcio causa na vida não só da família, mas principalmente na vida dos filhos pequenos.
As famílias que enfrentam o processo do divórcio podem contar também com a Cartilha do Divórcio, elaborada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Ministério da Justiça (clique aqui) como um orientador no processo de separação familiar. Esta é uma ferramenta útil para ajudar os pais e mães a contarem às crianças sobre a separação, para ajudar em como lidar com o filho após a separação e também para ajudar os filhos a superarem as dificuldades essenciais nessa fase enfrentada pela família durante o momento de transição. É uma cartilha para prevenir que a família e especialmente os filhos pequenos sejam expostos a questões jurídicas e para amenizar os efeitos do divórcio.