Escrito por Família Theia e Aline Hessel (psicóloga e educadora parental)

Esse é um assunto que muitas vezes assustam os pais, como assim sexualidade na infância?

Vejam bem, compreender o mundo pelos olhos deles é fundamental para respeita-los em seu desenvolvimento. Sendo assim é importante esclarecer que sexualidade na infância é diferente de erotização precoce. Como tudo que as crianças descobrem geram dúvidas e muitas perguntas, a sexualidade não seria diferente. “O que eu tenho aqui na cueca?”; “Será que minha amiga tem igual?”; “Porque a dela é diferente?”; “Olha, do papai e da mamãe são de outra forma!”; “Quando eu aperto faz cócegas!”.

Pode ser um momento constrangedor para os pais, mas começa aí uma das diferenças dessa relação dos adultos com a sexualidade e das crianças com esse mesmo tema. Na maioria das vezes a dificuldade em se falar desse assunto são dos adultos e não das crianças. Como qualquer outra aprendizagem, suas dúvidas não vêm carregadas de julgamentos ou pudores, apenas interesse em conhecer esse mundo em que ela está inserida.

Explicar de forma clara e direta para as crianças, é fundamental para naturalizar o assunto. Sempre, claro, respeitando sua idade e nível de compreensão. Não falar sobre o assunto não irá impedir a curiosidade da criança, ela apenas irá buscar suas respostas em outros lugares.

Outro ponto que pode gerar mal estar é sobre a masturbação infantil. É comum vermos as crianças apertarem brinquedos, usarem chuveirinho ou manipularem com as mãos os seus órgãos genitais. Esses comportamentos fazem parte da exploração do próprio corpo e curiosidade infantil. Como adultos, devemos orientar as crianças sobre essa questão também e aproveitar a oportunidade e ensinar sobre o que é público e privado, quem pode ou não tocar as partes íntimas e introduzir um assunto tão importante para a prevenção de abuso infantil. A educação sexual desde a primeira infância, respeitando a compreensão da criança, é fundamental para o amadurecimento saudável da sexualidade.

Então segue algumas dicas:

  • As crianças exploram o próprio corpo e desejam explorar o corpo do outro como curiosidade, cabe o adulto apresentar as regras sociais sobre que é permitido ou não fazer com o próprio corpo e com o corpo do outro;
  • Explicar a diferença entre público e privado;
  • Cabe ao adulto confirmar para a criança que o prazer genital existe; afinal, ela sabe disso. Mas orientá-la por exemplo, que isso deve ser feito quando sozinhos e não em público;
  • Não se deve fazer desse assunto um tabu;

Quando devo procurar um profissional?

  • Deve-se ficar atento no caso de masturbação infantil, com relação a intensidade e frequência. Se esse comportamento está tirando o interesse da criança de outras atividades.
  • No que se refere ao interesse pelo corpo do outro, caso a criança insista em repetidas explorações no corpo de seus pares ou no corpo de pessoas mais novas ou mais velhas do que ela, mesmo com os limites sociais sendo colocados e suas perguntas sendo respondidas.