Escrito por Família Theia e  Maria Elisa Lo Russo (coach de carreira)

“Sou uma fraude”, “Tudo o que conquistei até aqui foi por pura sorte ou coincidência”, “Não sei se mereço esse sucesso ou reconhecimento”. Alguma frase desse tipo já passou pela sua cabeça? Esses pensamentos têm se tornado cada vez mais comuns e foram batizados de “síndrome do impostor”: quando a pessoa não consegue reconhecer seu verdadeiro valor, aceitar suas conquistas e acha que atingiu determinado resultado por sorte ou mérito de outros. Pedir ajuda também é difícil, porque vêm à mente a fantasia de que as pessoas “descobrirão” que é uma fraude.

Em 1978 dois psicólogos clínicos escreveram um artigo utilizando pela primeira vez o conceito de “síndrome do impostor” - Dr. Pauline R. Clance e Dra. Suzanne Imes. Eles a definiram como um padrão psicológico em que o indivíduo tem dúvidas sobre suas realizações e bons resultados, além de um grande medo interno de ser exposto como “fraude”. O estudo foi feito com mulheres, mas hoje já se sabe que essa síndrome afeta tanto homens como mulheres.

Estudos recentes indicam que a “síndrome do impostor” é, na verdade, um fenômeno ou uma experiência vivida por pessoas em momentos da vida e não um distúrbio mental. Eles indicam que 70% dos indivíduos sentem isso, pelo menos, uma vez ao longo de sua carreira. Mas, podem ser acompanhadas de crises de ansiedade ou depressão e devem ser cuidadas.

Muitas vezes vivemos algumas situações e não percebemos que podemos estar caindo na armadilha do “impostor”. Por exemplo:

- Já passou pela sua cabeça em algum momento que todos são mais inteligentes e espertos que você e por isso você tem que trabalhar e se dedicar ainda mais?

- Você já desistiu de algo por medo de ser incapaz e falhar?

- Você acredita que os outros gostam de você porque você tem carisma?

- Você tem se autossabotado no trabalho, às vezes, de forma inconsciente? Chega atrasado a uma reunião importante ou esquece de incluir uma informação fundamental em um relatório?

Para combater essa síndrome é fundamental um exercício de autoconhecimento para ter clareza de suas qualidades e verdadeiros pontos de desenvolvimento. Esse não é um processo simples e muitas vezes pode ser doloroso, mas te ajudará a enxergar com mais clareza.

Além do autoconhecimento, outros antídotos para combater a síndrome:

1.       Busque um mentor, tutor ou conselheiro de confiança para caminhar com você nesse processo

Você pode sentir mais segurança em expor seus medos e inseguranças para alguém que confie e não te vê como competidor.

Essa pessoa também pode te ajudar a desenvolver os pontos que você enxerga como “fraquezas” e poderá ajudar a desembaçar suas lentes, porque às vezes, sua leitura de pontos de melhoria pode não estar muito apurada.

2.       Esforce-se para elencar seus dons, talentos e aptidões

Busque por feedback de pessoas que te inspiram e te tragam confiança. Coloque lembretes para você em vários lugares para lembrar dessas habilidades e as reconheça em seu dia a dia.

3.       Celebre suas conquistas

Ganhou uma promoção no trabalho? Celebre essa conquista e utilize a comemoração como meio de combater o pensamento de que você não a merece. Relembre o caminho que te fez chegar até lá e comente com seu mentor para que, novamente, você não seja traído pelos próprios pensamentos.

4.       Desenvolva suas próprias estratégias de combate

Se você percebe que os pensamentos aparecem de forma mais forte quando você está finalizando um trabalho, peça para um colega ler e compartilhar as percepções com você.

Se você entende que tem dificuldade em finalizar suas atividades, às vezes, até como autossabotagem, coloque lembretes ou despertador para relembrar seus prazos.

Esses são pequenos exemplos para te ajudar a construir estratégias práticas de como lutar contra os pensamentos enganosos de que você não é merecedor de suas realizações.

5.       Busque ajuda de especialistas

Se você está percebendo que os pensamentos estão aumentando e está difícil de controlá-los, busque ajuda de especialistas, como um psicólogo, por exemplo. Isso poderá impedir que esse fenômeno desencadeie quadros de ansiedade ou depressão.