Escrito por Família Theia e Aline Hessel (psicóloga e educadora parental)

Existe um interesse frequente de pais e professores sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Interesse esse justificado pelo crescente número de diagnósticos dados e a constante preocupação na identificação precoce para uma intervenção mais efetiva. Sem contar que este transtorno é o mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados.

Mas o que é o TDAH?

O TDAH é um transtorno neurobiológico que se caracteriza pela combinação de dois sintomas: a desatenção e a hiperatividade/impulsividade. Esse quadro tem seu início na infância e diferente do que se acreditava há uns anos atrás, em mais de 50% dos casos, tende a perdurar por toda a vida do indivíduo. Porém, quando adultos os sintomas de agitação costumam ser menores. Esse diagnóstico acomete cerca de 3 a 5% das crianças, em diferentes regiões do mundo onde já foi pesquisado.

Como podemos identificar o TDAH?

O TDAH na infância em geral é associado a dificuldades escolar, seja no desempenho e/ou no relacionamento com as demais crianças, pais e professores. As crianças costumam não ficar paradas e não permanecem muito tempo numa mesma atividade. Geralmente são chamadas de: “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” ou “ligadas no 220” (dentre outros nomes semelhantes). Apesar de todas as crianças apresentarem a desatenção, os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Ao chegar à fase adulta, é comum problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como de memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), costumam mudar de uma coisa para outra e tendem a ser impulsivos (“colocam os carros na frente dos bois”). Adultos com TDAH têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e o quanto isto afeta os demais à sua volta. Quando não é feito um acompanhamento adequado, aumenta-se a frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Quais são as causas do TDAH?

Atualmente sabe-se que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões do mundo, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos. Ou seja, o TDAH atualmente é visto com um componente genético e a interferência ambiental pode intensificar ou diminuir sua manifestação, mas não determinar.

Hereditariedade

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), “os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais frequente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial). ”

Tratamento

Ainda de acordo com a ABDA, “o Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento”.

A psicoterapia mais indicada para o tratamento do TDAH é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), uma especialidade dentro da psicologia que procura instrumentalizar a criança com ferramentas que facilitem seu dia a dia. É importante esclarecer que o TDAH não é um problema de aprendizagem, como a Dislexia e a Disortografia por exemplo. Mas sim uma dificuldade em manter a atenção, somada a desorganização e a inquietude, que por consequência dificultam a retenção de informação, interferindo no rendimento escolar. Por isso é fundamental que professores e profissionais da educação, conheçam técnicas pedagógicas que possam auxiliar os alunos com TDAH a ter melhor desempenho (Obs: A ABDA oferece cursos anuais para professores). Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades.

É importante esclarecer que ao abordar o TDAH não se deve rotular a agitação e alta energia comuns (e saudável) da infância. Mas sim, a identificação adequada de um quadro que pode trazer prejuízos ao desenvolvimento da criança em diferentes áreas de sua vida. A compreensão das manifestações de tal transtorno, além de ajudar no desenvolvimento infantil saudável, colabora também para impedir a criação de rótulos que essas crianças costumam sofrer por apresentar comportamentos muitas vezes tidos como inadequados. Ou seja, entender sobre o TDAH e suas manifestações, pode-se não apenas colaborar para que a criança atinja suas potencialidades, como também se incentiva a aceitação de suas peculiaridades no meio em que ela está inserida.

Fonte: Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) - https://tdah.org.br/