Escrito por Família Theia e Suzana Quintiliano
Sempre ouvimos que a chegada de um filho é uma das experiências mais alegres da vida, porém a realidade pode ser diferente e você pode se surpreender ao se deparar com sentimentos que nem imaginava ter neste momento.
Durante o puerpério a mulher precisa se adaptar ao seu novo papel e ao aumento súbito de responsabilidades, o que pode gerar a sensação de perda do controle de sua vida. Neste período há também a necessidade de lidar com a privação de sono, isolamento social, transformações corporais, mudanças no relacionamento conjugal, além de, muitas vezes ter que se ajustar à imagem do filho real, que nem sempre é igual à do filho ideal, que foi construída durante a gestação.
Essa necessidade de reorganização da sua vida exige grande esforço e pode causar muito sofrimento às puérperas, portanto, é necessário que haja compreensão e apoio por parte dos familiares e amigos.
Mas é importante saber que tristeza e depressão pós-parto não são a mesma coisa e nem suas abordagens são iguais. A seguir, entenda quais são as diferenças:
- Tristeza materna, blues puerperal ou baby blues:
É um estado mais leve causado pelas mudanças hormonais que ocorrem nesta fase. A mulher pode apresentar choro fácil, se sentir triste e irritada, e esses sintomas podem se intercalar com momentos de alegria e satisfação.
Essa condição normalmente se inicia nos primeiros dias após o nascimento do bebê e dura mais ou menos duas semanas. Costumam desaparecer espontaneamente, à medida que os hormônios vão se estabilizando.
É importante que haja acolhimento e apoio nos cuidados com bebê neste momento, e não é necessário nenhum tratamento médico para essa condição.
2. Depressão pós-parto:
Essa situação é menos frequente que o baby blues, porém é mais preocupante. Geralmente inicia-se a partir de duas semanas após o parto e pode persistir por até um ano ou mais.
Muitas vezes ocorre devido a traumas ou dificuldades ocorridos na gestação ou após o nascimento.
A mulher pode apresentar os seguintes sintomas:
- Humor deprimido;
- Ansiedade e irritabilidade;
- Alteração de sono e de apetite;
- Perda da capacidade de sentir prazer;
- Cansaço e desânimo intenso;
- Dificuldade em se concentrar;
- Sentimento de culpa e/ou inutilidade;
- Pensamentos de morte ou suicídio.
Mães deprimidas são menos afetuosas com seu bebê e, muitas vezes, não conseguem cuidar deles adequadamente, o que também pode levar à interrupção precoce da amamentação.
A depressão pós-parto requer maior atenção, sendo necessário acompanhamento médico e psicológico, e o seu tratamento inclui terapia e o uso de medicamentos em alguns casos.
3. Psicose puerperal:
É um quadro muito mais raro, porém mais grave. Seu início é súbito, geralmente entre o segundo dia a até duas semanas após o parto. É mais comum em mulheres que tenham histórico pessoal ou familiar de transtorno bipolar.
Os sintomas incluem:
- Insônia;
- Ansiedade e agitação;
- Flutuações de humor;
- Confusão mental;
- Delírios de perseguição;
- Ideação suicida;
- Sensação de que não ama o bebê e até mesmo desejo de feri-lo.
Devido aos riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, é necessária imediata intervenção médica e, na maioria das vezes, a conduta recomendada é a internação.
Em todas as situações citadas é fundamental que a mulher tenha uma rede de apoio e suporte emocional e, quando necessário, seja direcionada para receber assistência médica o mais rápido possível.
Muitas mulheres passam por alguma dessas situações no puerpério e é muito importante saber que não há motivos para se culpar ou se envergonhar.
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